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Universitária é filmada dentro de banheiro da PUCPR

Publicado em: 22/02/2020

Um caso de violação da intimidade no banheiro feminino do Bloco Vermelho colocou em xeque a segurança interna da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) na manhã desta sexta-feira (21). Uma universitária percebeu que foi filmada pela janela do local -  ela estava na última porta dos box onde ficam os sanitários quando percebeu que uma mão segurava um celular pelo lado de fora da janela. A estudante acredita ter sido filmada.  

A reportagem do Barulho Curitiba descobriu que não foi o primeiro caso de violação da intimidade nos banheiros da instituição. Uma ex-aluna da PUC afirmou que também teve sua intimidade violada em caso semelhante ocorrido em 2014. Na época, segundo ela, nada foi feito. O Diretório Central do Estudante (DCE), o Coletivo Lara de Lemos, CASP, NACAD4Girls, Coletivo Nise da Silveira, Alçapão Feminino, Coletivo Diversidade e a Força Feminina Narcótico emitiram uma nota de repúdio ao caso registrado nesta sexta, alertando para a falta de segurança constante e comentando que isso seria 'apenas a ponte do iceberg de situações que cada dia mais vem ocorrendo dentro da universidade". 

“É inadmissível que uma universidade privada, das dimensões da PUCPR, não garanta o mínimo de segurança e privacidade às suas alunas. O ocorrido de hoje é só a ponta do iceberg de situações que cada dia mais vem ocorrendo dentro da universidade, situações essas que os signatários desta nota condenam completamente. A segurança nas dependências da PUC é responsabilidade da empresa terceirizada GOCIL, e tanto a instituição quanto a empresa vem reiteradamente se calando ante os casos de assédio”, diz a nota de repúdio.  “Vivemos em um país em que a cada 1 segundo uma mulher é assediada e é completamente absurdo que tal situação continua a ocorrer dentro dos portões da faculdade. Lembramos que o registro não autorizado da intimidade sexual é crime previsto no art. 216-B, do Código Penal, com pena de detenção de 6 meses a um ano e multa. Por fim, declaramos nosso total apoio à vítima, e nos colocamos em sua disposição para auxiliar nas medidas jurídicas a serem tomadas”.

Já a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) informou, também por meio de nota, que foi instaurada sindicância interna para apurar os fatos e que as medidas cabíveis serão tomadas. “Orientada por princípios éticos, cristãos e maristas, repudia qualquer ato que implique em desrespeito à privacidade e intimidade dos seus estudantes. Tanto é verdade que a Universidade mantém várias ações de defesa e proteção de direitos, por exemplo mantém um Centro de Defesa da infância e juventude e um Observatório de Juventudes”, diz a nota.

Outro caso

A ex-aluna de jornalismo, Bianca Caroline Santos, conta que ainda recorda do rosto de um homem que a observou no banheiro desse mesmo Bloco Vermelho da PUCPR, em 2014. Até hoje ela tem dificuldade de ir a banheiros públicos por conta disso.

“Lembro até hoje do rosto dele. Era moreno, aparentava uns 30 e poucos anos, não parecia ser estudante. Pelo menos eu nunca tinha visto ele nos corredores”, relembra.

O caso de Bianca foi bem semelhante à ocorrência registrada nesta sexta, porque também era o último sanitário do banheiro, perto da janela, e o mesmo bloco da instituição, onde ficam os cursos de Ciências Jurídicas e Comunicação Social. Só que, no caso dela, o homem a observou e não filmou, como na ocorrência registrada hoje.

“Foi um dia que a aula já tinha acabado, lembro bem que era por volta das 11h e pouco, então fui no banheiro antes de sair para almoçar e depois ir trabalhar. Quando entrei o banheiro estava vazio, então fui no último sanitário que tinha, que é o que tem uma janela. Normalmente eu sempre gostava de ir naquele. Sentei, fiz as necessidades, e depois quando eu estava erguendo a calça senti um suspiro de alguém, como se eu não tivesse sozinha. Foi quando olhei para a direção da janela e tinha um cara me olhando”, conta Bianca. “Travei na hora por alguns segundos, aí fechei a calça e sai correndo, gritando. Mas ele já tinha fugido. Foi quando desci até a secretaria do nosso bloco e contei o que tinha acontecido. Comecei a chorar”.

Bianca disse que comunicou à secretaria do curso o episódio e a segurança foi acionada, mas o homem não foi encontrado.  “Falei para pegarem imagens das câmeras para identificar o homem, porque sei que tinha câmeras nos blocos, só não sei se funcionavam. Mas daí tentaram me acalmar e falaram que iriam tomar as providências. Resumindo, tentaram ´abafar´ o caso mesmo”.  Bianca diz que espera que o caso dela ajude a melhorar a segurança da universidade, porque, em sua opinião, não há controle de quem entra e sai na universidade. “Qualquer pessoa acessa os banheiros e corredores”.

Fonte: Barulho Curitiba

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