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LUTO NAS ARTES: Morre Ziraldo aos 91 anos, pai do "Menino Maluquinho"

Publicado em: 06/04/2024

Ziraldo publicou 1º desenho aos seis anos, foi ‘pai’ do Menino Maluquinho e fundou jornal ‘O Pasquim’

Morto aos 91 anos, desenhista e escritor também criou a revista ‘Bundas’.

Conhecido por personagens como Menino Maluquinho e os da “Turma do Pererê”, o desenhista e escritor Ziraldo, que morreu aos 91 anos, sempre foi um incentivador da leitura. “Ler é mais importante do que estudar” era uma de suas frases mais emblemáticas.

A morte do desenhista foi confirmada por sua família na tarde deste sábado (6). Ele morreu dormindo, em casa, no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Os primeiros desenhos 

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo).

Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.

Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez...”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.

Os primeiros anos de carreira

Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia sete anos. Tiveram três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.

Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.

No período, pôde enfim realizar um “sonho infantil: publicou a primeira revista brasileira do gênero feita por um só autor, reunindo uma turma chefiada pelo saci-pererê, figura mais importante do imaginário brasileiro”, diz o texto.

 
O escritor e cartunista Ziraldo posa para foto durante entrevista concedida na cidade de São Paulo, em 13 de maio de 1993. — Foto: MÁRCIA ZOET/ESTADÃO CONTEÚDO

O escritor e cartunista Ziraldo posa para foto durante entrevista concedida na cidade de São Paulo, em 13 de maio de 1993. — Foto: MÁRCIA ZOET/ESTADÃO CONTEÚDO

De frente com a ditadura

A revista “A Turma do Pererê” deixou de ser publicada em 1964, a partir do início do regime militar. Cinco anos mais tarde, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”.

Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia num dos períodos políticos mais turbulentos do país.

Ao mesmo tempo que combatiam a censura, Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, dentre outros colaboradores do jornal, sofriam com ela.

Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana. 

Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.

Maluquinho, 'Bundas' e 'Palavras'

Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980 e ganhou o Prêmio Jabuti. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro de todos os tempos. O sucesso fez o personagem ser lavado para cinema, teatro, quadrinhos, ópera infantil e games.

Em 1997, o personagem foi levado à Marquês de Sapucaí. A escola carioca Unidos do Porto da Pedra homenageou o Menino Maluquinho com o enredo "No Reino da Folia, Cada Louco com a sua Mania".

Em 1999, Ziraldo criou duas revistas: “Bundas” e “Palavra”. A primeira era descrita como “uma resposta bem-humorada à ostentação dos ‘famosos’ que semanalmente aparecem na revista ‘Caras’”.

Os lemas eram: “Quem mostra a bunda em ‘Caras’ não mostra a cara em ‘Bundas’”; “A revista que é a cara do Brasil”; e “‘Bundas’, a revista que não tem vergonha de mostrar a cara”.

A ideia da publicação, que tinha parte da equipe de “O Pasquim”, era reviver o clima do antigo jornal. Já “Palavra” era sobre arte.

 

 

 

 

 

 

Fonte: G1

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