Contaminação por coronavírus em funcionários da Frangos Pioneiro preocupa municípios da região

Publicado em: 17/06/2020

Embora a empresa não tenha confirmado, informações “extraoficiais” apontam que supostamente já são mais de 40 trabalhadores contaminados

Umas das principais indústrias de alimento, além do maior abatedouro de aves da região o Grupo Pioneiro é um dos maiores empregadores do Norte Pioneiro do Estado. E é justamente por este motivo que hoje a empresa vê aumentando a cada dia o número de colaboradores infectados com a Covid-19.

A primeira confirmação da empresa foi há 15 dias, quando um boletim interno divulgou que havia cinco funcionários com coronavírus em distintas áreas de produção. Hoje, informações “extraoficiais”, divulgadas através de redes sociais apontam que este número supostamente já passa dos 40. Contudo, como os funcionários diagnosticados não trabalham nos mesmos setores, não é possível afirmar que o contágio aconteceu na empresa.

E o problema não acaba aí. A sede da Pioneiro é localizado no município de Joaquim Távora, às margens da PR 092, que de acordo com o boletim da saúde local, totaliza até o momento 20 pessoas confirmadas com a doença. No entanto, grande parte do quadro de funcionários do grupo é residente em outras cidades da região, fazendo com que o índice de contaminação pelo coronavírus se espalhe de maneira descontrolada.

As publicações nas redes sociais apontam ainda que familiares de muitos funcionários estejam contraindo a doença, já que não está havendo testagem de forma eficaz.

Guapirama, um dos municípios vizinhos a Joaquim Távora e com grande número trabalhadores da Pioneiro, registrou nesta última terça-feira (16), 20 casos de coronavírus em moradores. A cidadezinha com pouco mais de cinco mil habitantes está apreensiva por conta da alta nas contaminações e atribuem os casos, principalmente, por pessoas que trabalham nesta empresa.

O mesmo problema se repete em outros municípios como Carlópolis, onde a própria secretaria de saúde confirmou que dos nove casos registrados, oito são de funcionários da empresa e um de uma familiar de um trabalhador. Tomazina, outro município com trabalhadores dependentes da Pioneiro, segundo informações, 16 casos tem ligação com o grupo que diariamente se desloca para Joaquim Távora. O descontrole na contaminação se repete em mais municípios como Conselheiro Mairinck e Siqueira Campos.

De acordo com o Ministério Público da Comarca de Joaquim Távora, ofícios já foram encaminhados à empresa, onde o teor trata justamente das ações adotadas para a prevenção da contaminação nos postos de trabalho. Por telefone com a reportagem da Folha Extra, o promotor Bruno Figueiredo Cachoeira Dantas, revelou que tais informações já chegaram até a promotoria. “Com relação à empresa Pioneiro, todos as ações no âmbito jurídico já foram adotadas pelo MP, através de ofícios, não apenas à empresa, mas também a promotores de comarcas vizinhas, onde há registro de trabalhadores”, disse.

Segundo ainda o promotor a empresa por sua vez também respondeu aos ofícios apontando que todas as medidas necessárias à prevenção estão sendo adotadas no interior das unidades de abate e fabricação. “A empresa, portanto, respondeu aos ofícios enviados, relacionando uma série de medidas adotadas internamente para a prevenção da contaminação”, pontuou.

Bruno declarou também que as informações populares, ou seja, divulgadas informalmente por redes sociais, que apontam mais de 40 casos entre trabalhadores, devem ser apuradas pela vigilância sanitária de Joaquim Távora, órgão competente e responsável para o assunto. “Essas informações [novas contaminações] devem ser apuradas com responsabilidade pela vigilância sanitária do município, que tem a competência para a averiguação de informações extraoficiais ou denúncias”, completou o promotor.

A reportagem tentou por diversas vezes contato com a vigilância sanitária do município, bem como a secretaria de saúde, mas nenhuma das ligações foram retornadas até o fechamento desta matéria e desta edição.

Em contato com a empresa Pioneiro, a imprensa conversou com a colaboradora do departamento de comunicação, Tamarian Lemes, que orientou a reportagem a enviar um email com as perguntas, porém não houve retorno até o fechamento desta matéria e desta edição.

Fonte: FE